A venda de repelentes disparou no mercado depois que o Ministério da Saúde confirmou a possibilidade de grávidas picadas pelo Aedes Aegypti contraírem o zika vírus, relacionado ao avanço da microcefalia, má-formação cerebral que pode trazer limitações ao desenvolvimento da criança.
Os pontos de venda aproveitam para fazer oferta de repelentes anunciando:"Proteja-se do mosquito que transmite zika vírus, chikungunya e dengue!".
A PROTESTE testou, este ano, dez repelentes
e constatou que a maioria dos produtos que prometem proteger contra o
mosquito Aedes Aegypti não é eficaz pelo tempo descrito em seus rótulos,
só por curto período. Foram testados cinco destinados ao uso
adulto/família e cinco ao uso infantil, além de dois aplicativos para
celulares.
Quanto ao uso de repelentes para
grávidas, a PROTESTE orienta que de todos os ativos repelentes, o IR3535
é o menos tóxico. Depois a citronela, a icaridina e o DEET. Ainda
assim, estudos conduzidos em humanos durante o segundo e o terceiro
trimestres de gestação, e em animais durante o primeiro trimestre,
indicam que o uso tópico de repelentes à base de
nn-Dietil-meta-toluamida (DEET) por gestantes é seguro.
No caso dos produtos infantis, os
resultados não foram muito animadores. Além da pouca proteção, distante
do descrito no rótulo, foi verificado risco de efeitos adversos para a
exposição aguda.
O pior resultado no quesito "proteção"
entre os produtos infantis foi o da Turma da Mônica, cuja compra é
desaconselhada porque não traz no rótulo a concentração do ativo IR3535
(único ativo repelente indicado para crianças abaixo de dois anos).
Dentre os produtos de uso infantil, apenas o Off! Kids se aproxima do
tempo de proteção informado no rótulo.
Pelas irregularidades constatadas no
teste e diante da gravidade do avanço da epidemia de dengue no país, a
PROTESTE enviou os resultados para Ceras Johnson, Farmax – Distribuidora
Amaral, Reckitt Benckiser (Brasil), K&G Indústria e Comércio,
Nutracom Ind. e Com., Tec-color Hair Cosméticos do Brasil e Universal
Chemical, requerendo providências.
Foi pedida a realização de um alerta
público a respeito da eficácia correta dos repelentes, tanto no site das
empresas quanto em jornais de grande circulação. E que as embalagens
e/ou rótulos tragam de forma correta e visível o tempo real de eficácia
dos produtos, respeitando o direito à informação, previsto no Código de
Defesa do Consumidor.
E que o tamanho das letras utilizadas
nos rótulos possibilite a leitura das informações do produto, como
indicação, modo de uso, composição, tempo de eficácia, validade, entre
outras. Caso as empresas não se adequem, a PROTESTE encaminhará o caso à
Vigilância Sanitária para as providências no âmbito administrativo e
regulatório.
Em relação aos aplicativos para
celular testados, a avaliação verificou que o uso é desaconselhado por
não ter demonstrado nenhuma eficácia contra os mosquitos.
Entre os produtos para uso familiar, o
Exposis foi o que apresentou o melhor desempenho, protegendo por quase
três horas contra o mosquito da dengue. Mas, bem distante das 10 horas
prometidas no seu rótulo. Seu uso, porém, deve ser feito com atenção em
crianças até três anos, principalmente as mais sensíveis, pelo risco de
causar efeitos adversos numa exposição aguda.
Ainda dentre os produtos de uso
familiar, apenas o Exposis demonstrou eficácia na proteção contra ambas
as espécies de mosquito. Já os produtos Super Repelex, Xô Inseto! e
Moskitoff foram eficazes contra a espécie Culex, mas não tiveram o
desempenho esperado contra a espécie Aedes, ou seja, apresentam curta
proteção contra a dengue.
Os produtos de uso infantil, apesar de
alguns apresentarem concentrações de ativos repelentes superiores às
amostras de uso família (considerando aqueles cuja composição contempla o
DEET), não apresentaram bom desempenho na proteção contra o mosquito
Aedes. Em relação ao Culex, apenas os produtos Johnson's Baby e Xô
Inseto! Kids foram eficazes.
No teste de eficácia, foi verificado
por quanto tempo cada produto é capaz de proteger contra a picada dos
mosquitos das espécies Aedes Aegypti e Culex Quinquefasciatus. Também foi verificada a veracidade da informação da rotulagem, e os riscos de exposição aguda e crônica aos repelentes.
Os produtos e aplicativos avaliados foram:
Repelentes uso adulto |
Marcas | Modelos |
Exposis Extême | Repelente de Insetos Spray |
Moskitoff | Spray Repelente |
Super Repelex | Spray Familycare |
Off! | Family Spray |
Xô Inseto! | Spray para Repelir Insetos |
Repelentes uso infantil |
Marcas | Modelos |
Johnson's | Baby Loção Antimosquito |
Off! | Kids Loção |
Super Repelex Kids | Gel Refrescante |
Turma da Mônica | Repelente Infantil Loção |
Xô Inseto! | Kids Loção Hidratante |
Aplicativos |
Anti Mosquito Sonic Repeller (14, 16 and 20 kHz) – iOS |
Anti Mosquito Repelente (10 – 20 kHz) – Android |
Foram obtidos os seguintes resultados:
Produto | Proteção contra Aedes (h) |
Proteção contra Culex (h) | Rotulado (h) |
Exposis Extême | 2:45 | 2:00 | 10:00 |
Super Repelex Spray Familycare | 1:40 | 2:30 | 4:00 |
Xô Inseto! - Spray para repelir insetos | 1:20 | 2:10 | 2:00 |
Moskitoff – Spray Repelente | 1:30 | 2:40 | 2:00 |
Off! Family Spray | 1:30 | 1:40 | 2:00 |
Johnson's Baby Loção Antimosquito | 1:10 | 2:00 | 4:00 |
Off! Kids Loção | 1:20 | 1:40 | 2:00 |
Super Repelex Kids Gel Refrescante | 1:10 | 1:40 | 3:00 |
Xô Inseto! Kids - Loção para repelir insetos | 1:00 | 2:00 | 3:00 |
Turma da Mônica - Repelente infantil loção | 1:00 | 1:00 | 3:00 |
Em relação aos aplicativos, nenhuma atividade repelente foi observada. Foram obtidos os seguintes resultados:
App iOS | Proteção contra Aedes (seg) | Proteção contra Culex (seg) |
14kHz | 8,8 | 21 |
16kHz | 8,3 | 13 |
20kHz | 5,5 | 22,5 |
App Android | Proteção contra Aedes (seg) | Proteção contra Culex (seg) |
10kHz | 12 | 18,3 |
12kHz | 7,3 | 17 |
14kHz | 8,5 | 29,8 |
16kHz | 6,3 | 23,3 |
18kHz | 6,8 | 25,8 |
20kHz | 8,5 | 14 |
Como foi feito o teste
Para o
teste de eficácia, quatro voluntários adultos (dois homens e duas
mulheres) foram expostos a uma população de 200 mosquitos fêmea das
espécies Aedes Aegypti e Culex Quinquefasciatus, confinados em uma
gaiola. Os repelentes foram aplicados na pele do antebraço dos
voluntários (entre o pulso e o cotovelo) e, 30 minutos após essa
aplicação, os voluntários colocaram o antebraço na gaiola contendo a
população de mosquitos-teste.
Eles permaneceram com o antebraço
dentro da gaiola durante no máximo 3 minutos e interromperam o teste
assim que a primeira picada foi confirmada. Este procedimento foi
repetido a cada 30 minutos por um período máximo de oito horas ou até a
repelência falhar. A eficácia do produto é baseada no seu tempo de
proteção, que é o tempo entre a aplicação do produto na pele e a
primeira picada confirmada.
No caso dos aplicativos para celular
testados, um aparelho celular foi introduzido na gaiola e o aplicativo,
então, foi ligado. A seguir, o voluntário inseriu o antebraço no
interior da gaiola contendo os mosquitos-teste. Foi registrado então, o
tempo decorrente entre a exposição do antebraço e a primeira picada.
Fonte:
http://www.proteste.org.br/institucional/imprensa/press-release/2015/repelentes-contra-mosquito-transmissor-de-zika-protegem-por-pouco-tempo
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