sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Repelente - Qual é o melhor?

PROTESTE testou dez repelentes contra o Aedes Aegypti. Grávidas devem ter cuidado ao escolher o produto a ser usado.
A venda de repelentes disparou no mercado depois que o Ministério da Saúde confirmou a possibilidade de grávidas picadas pelo Aedes Aegypti contraírem o zika vírus, relacionado ao avanço da microcefalia, má-formação cerebral que pode trazer limitações ao desenvolvimento da criança.

Os pontos de venda aproveitam para fazer oferta de repelentes anunciando:"Proteja-se do mosquito que transmite zika vírus, chikungunya e dengue!".



A PROTESTE testou, este ano, dez repelentes e constatou que a maioria dos produtos que prometem proteger contra o mosquito Aedes Aegypti não é eficaz pelo tempo descrito em seus rótulos, só por curto período. Foram testados cinco destinados ao uso adulto/família e cinco ao uso infantil, além de dois aplicativos para celulares. 

Quanto ao uso de repelentes para grávidas, a PROTESTE orienta que de todos os ativos repelentes, o IR3535 é o menos tóxico. Depois a citronela, a icaridina e o DEET. Ainda assim, estudos conduzidos em humanos durante o segundo e o terceiro trimestres de gestação, e em animais durante o primeiro trimestre, indicam que o uso tópico de repelentes à base de nn-Dietil-meta-toluamida (DEET) por gestantes é seguro. 

No caso dos produtos infantis, os resultados não foram muito animadores. Além da pouca proteção, distante do descrito no rótulo, foi verificado risco de efeitos adversos para a exposição aguda. 

O pior resultado no quesito "proteção" entre os produtos infantis foi o da Turma da Mônica, cuja compra é desaconselhada porque não traz no rótulo a concentração do ativo IR3535 (único ativo repelente indicado para crianças abaixo de dois anos). Dentre os produtos de uso infantil, apenas o Off! Kids se aproxima do tempo de proteção informado no rótulo.

Pelas irregularidades constatadas no teste e diante da gravidade do avanço da epidemia de dengue no país, a PROTESTE enviou os resultados para Ceras Johnson, Farmax – Distribuidora Amaral, Reckitt Benckiser (Brasil), K&G Indústria e Comércio, Nutracom Ind. e Com., Tec-color Hair Cosméticos do Brasil e Universal Chemical, requerendo providências.

Foi pedida a realização de um alerta público a respeito da eficácia correta dos repelentes, tanto no site das empresas quanto em jornais de grande circulação. E que as embalagens e/ou rótulos tragam de forma correta e visível o tempo real de eficácia dos produtos, respeitando o direito à informação, previsto no Código de Defesa do Consumidor.

E que o tamanho das letras utilizadas nos rótulos possibilite a leitura das informações do produto, como indicação, modo de uso, composição, tempo de eficácia, validade, entre outras. Caso as empresas não se adequem, a PROTESTE encaminhará o caso à Vigilância Sanitária para as providências no âmbito administrativo e regulatório.

Em relação aos aplicativos para celular testados, a avaliação verificou que o uso é desaconselhado por não ter demonstrado nenhuma eficácia contra os mosquitos.

Entre os produtos para uso familiar, o Exposis foi o que apresentou o melhor desempenho, protegendo por quase três horas contra o mosquito da dengue. Mas, bem distante das 10 horas prometidas no seu rótulo. Seu uso, porém, deve ser feito com atenção em crianças até três anos, principalmente as mais sensíveis, pelo risco de causar efeitos adversos numa exposição aguda. 

Ainda dentre os produtos de uso familiar, apenas o Exposis demonstrou eficácia na proteção contra ambas as espécies de mosquito. Já os produtos Super Repelex, Xô Inseto! e Moskitoff foram eficazes contra a espécie Culex, mas não tiveram o desempenho esperado contra a espécie Aedes, ou seja, apresentam curta proteção contra a dengue.

Os produtos de uso infantil, apesar de alguns apresentarem concentrações de ativos repelentes superiores às amostras de uso família (considerando aqueles cuja composição contempla o DEET), não apresentaram bom desempenho na proteção contra o mosquito Aedes. Em relação ao Culex, apenas os produtos Johnson's Baby e Xô Inseto! Kids foram eficazes.

No teste de eficácia, foi verificado por quanto tempo cada produto é capaz de proteger contra a picada dos mosquitos das espécies Aedes Aegypti e Culex Quinquefasciatus. Também foi verificada a veracidade da informação da rotulagem, e os riscos de exposição aguda e crônica aos repelentes.

Os produtos e aplicativos avaliados foram:

Repelentes uso adulto
Marcas  Modelos
Exposis Extême Repelente de Insetos Spray
Moskitoff Spray Repelente
Super Repelex Spray Familycare
Off! Family Spray
Xô Inseto! Spray para Repelir Insetos

Repelentes uso infantil 
Marcas Modelos
Johnson's  Baby Loção Antimosquito 
Off! Kids Loção
Super Repelex Kids Gel Refrescante
Turma da Mônica Repelente Infantil Loção
Xô Inseto! Kids Loção Hidratante

Aplicativos
Anti Mosquito Sonic Repeller (14, 16 and 20 kHz) – iOS
Anti Mosquito Repelente (10 – 20 kHz) – Android

Foram obtidos os seguintes resultados:

Produto  Proteção contra Aedes (h)
Proteção contra Culex (h)  Rotulado (h)
Exposis Extême 2:45 2:00 10:00
Super Repelex Spray Familycare 1:40 2:30 4:00
Xô Inseto! - Spray para repelir insetos 1:20 2:10 2:00
Moskitoff – Spray Repelente 1:30 2:40 2:00
Off! Family Spray 1:30 1:40 2:00
Johnson's Baby Loção Antimosquito 1:10 2:00 4:00
Off! Kids Loção 1:20 1:40 2:00
Super Repelex Kids Gel Refrescante 1:10 1:40 3:00
Xô Inseto! Kids - Loção para repelir insetos 1:00 2:00 3:00
Turma da Mônica - Repelente infantil loção 1:00 1:00 3:00

Em relação aos aplicativos, nenhuma atividade repelente foi observada. Foram obtidos os seguintes resultados: 

App iOS Proteção contra Aedes (seg) Proteção contra Culex (seg) 
14kHz 8,8 21
16kHz 8,3 13
20kHz 5,5 22,5

App Android Proteção contra Aedes (seg)  Proteção contra Culex (seg) 
10kHz 12 18,3
12kHz 7,3 17
14kHz 8,5 29,8
16kHz 6,3 23,3
18kHz 6,8 25,8
20kHz 8,5 14

Como foi feito o teste

Para o teste de eficácia, quatro voluntários adultos (dois homens e duas mulheres) foram expostos a uma população de 200 mosquitos fêmea das espécies Aedes Aegypti e Culex Quinquefasciatus, confinados em uma gaiola. Os repelentes foram aplicados na pele do antebraço dos voluntários (entre o pulso e o cotovelo) e, 30 minutos após essa aplicação, os voluntários colocaram o antebraço na gaiola contendo a população de mosquitos-teste. 


Eles permaneceram com o antebraço dentro da gaiola durante no máximo 3 minutos e interromperam o teste assim que a primeira picada foi confirmada. Este procedimento foi repetido a cada 30 minutos por um período máximo de oito horas ou até a repelência falhar. A eficácia do produto é baseada no seu tempo de proteção, que é o tempo entre a aplicação do produto na pele e a primeira picada confirmada.



No caso dos aplicativos para celular testados, um aparelho celular foi introduzido na gaiola e o aplicativo, então, foi ligado. A seguir, o voluntário inseriu o antebraço no interior da gaiola contendo os mosquitos-teste. Foi registrado então, o tempo decorrente entre a exposição do antebraço e a primeira picada. 

Fonte: http://www.proteste.org.br/institucional/imprensa/press-release/2015/repelentes-contra-mosquito-transmissor-de-zika-protegem-por-pouco-tempo

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